terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A personagem do metro.

Este foi um artigo que escrevi dia 6 de Dezembro do ano pretérito, mas que, por motivos de força maior, como falta de tempo e preguicite aguda à mistura, só publiquei agora.

Aqui vai…

Hoje, dia 6/12/2007, quando acordei, nada me faria supor que dentro de 1 hora, talvez menos, estivesse a presenciar um acto que me levasse a escrever este artigo. Um acto tão estranho, infeliz e inadequado, mas, imagine-se, plenamente humano.

Ainda ponderei não o escrever, mas se o leitor está a conseguir saber estas informações, é sinal que pode continuar a ler, porque escrevi efectivamente o artigo. Confesso até que já escrevi por bem menos, por isso cá vai…Mas aviso, ler este artigo é um acto que não recomendo, a não ser claro está, que seja demasiadamente inteligente para não ligar ao que eu digo, ou então que o seu quociente de inteligência não tenha 3 dígitos.

Era um dia como todos os outros, tempo ainda fechado, tremendo frio que fazia cada um de nós ter uma chaminé de vapor constantemente activa sempre que nos lembrávamos de expirar e, imagine-se, são milhares de vezes ao dia que o fazemos.

Estará agora o leitor a perguntar quando é que eu me digno a narrar o famoso acontecimento que me levou a escrever as anteriores, actuais e futuras palavras que este texto contem.

Mas tenha calma…boa leitura não é aquela que se lê logo, mas sim aquela que se vai lendo na ânsia de desvendar o que as palavras nos querem transmitir.

Sai de casa e fui apanhar o metro, modo de transporte esquisito, funcional é certo, mas esquisito até porque, estranhamente, é fonte de inspiração não só para este, como outros artigos da minha autoria. Pelo menos para mim é, sempre que entro numa carruagem é como se entrasse numa outra dimensão, os meus sentidos apuram-se e observo tudo e todos tão bem, mas com uma calma que transpira estranheza, como se me tratasse de um felino a preparar um ataque a qualquer incauta presa.

Entro, e mesmo com lugares vagos, ocupo tendencialmente uma posição de pé, em que me possa encostar à parede, visão periférica e de conjunto a que alcanço nesta posição, onde observo mais e melhor.

Duas paragens já percorridas e deparo-me com a estranha figura inspiradora. Não mais de 45 anos, estilo desajeitado, descuidado de aparência, barba grande, fato de treino, 1 muleta e respectiva perna partida, 1 chinelo, 1 mochila e o resto já irei contar.

Ao entrar no metro, enquanto a porta inicia a sua função de abrir(metade da sua função habitual) a personagem diz com veemência “Abre-te Sésamo”, como que, qual Ali Bábá, a porta se terá aberto por essa razão, ao som do seu comando. E continuou a proferir essa mesma frase-código até se sentar, como que para fazer ver a todos ( até aos mais desatentos) os seus poderes incríveis.

Neste mesmo instante fecham-se as portas e a habitual gravação de voz indica o sentido do metro: Estádio do Dragão.

A personagem, como que revoltada diz, e passo a citar “Estádio do Dragão?!?!? Fodasse, eu sou portista, mas no Estádio do Dragão é só putas e paneleiros.” Muitos foram os olhares que nós passageiros trocamos, ainda mais os sorrisos, nenhumas as palavras.

Algumas paragens mais à frente e mais alguns desabafos de menor relevância da nossa personagem, até que a gravação anuncia a paragem: Carolina Michaelis. Nisto, umpulsionado por uma força suprema e universal a personagem grita: “Carolina Salgado?!?!?! é mais uma puta, e das grandes…” frase essa que foi repetindo ainda algumas vezes sem cessar. A minha reacção aqui foi como as restantes, queríamos todos ver até onde conseguiria ir personagem tão caricata.

Na paragem seguinte saem algumas pessoas, de entre as quais a personagem quis fazer salientar duas raparigas, dizendo: “Ai ai, se eu fosse 20 anos mais novo, já estavam no papo”. Como sempre, muitos olhares mas nenhum comentário dos passageiros.

Quando é anunciada a paragem da Lapa, a personagem, como que especialista em línguas e literatura, resolve dar o significado epistemológico da palavra lapa, dizendo, e passo a citar:” Lapa vem do verbo lapar, é o verbo dos lapouços (diz ele ainda mais seguro das suas afirmações). Os lapouços são os gajos que só estão bem a coçar os tomates, e são grandes especialistas nisso”. Neste momento eu mesmo questionei-me se essa não seria a sua actividade profissional, pois nenhuma outra observação me deu a entender o contrário.

Finalmente chegamos à Lapa, as portas abrem e a personagem sai vagarosamente da carruagem do metro, dizendo imediatamente: “Quem vier atrás que feche a porta”. Questiono-me neste momento acerca dos seus poderes; então a sua capacidade extraordinária de abrir as portas com recurso à palavra chave “abre-te sésamo” não serve também paras as fechar!?!? Tamanha capacidade e de tão evoluído saber deveria dar para muito mais do que abrir uma porta do metro, mas já nem no fecho da mesma se mostrou eficaz. Talvez os seus poderes mágicos também sejam falíveis, ou tenham as falhas técnicas de que nem as capacidades de ponta escapam.

Afinal de contas, nem sempre temos aquilo que queremos, não acham?

5 comentários:

P.Fernandes disse...

Li com interesse o teu relato porque o descreveste de uma forma literária ao jeito de conto de aventuras da Enid Blyton lol,pena o final não se coadunar com o inicio,pois esperava outro desfecho,mas penso que mais uns tempos de experiência como Bloguista,e vais fazer muita gente perder umas horas boas no teu Blog..

Um abraço.

RACP disse...

ola paulo...eu escolhi finalizar este texto assim por uma razao...se reparar, certamente k a personagem nao gostaria de ser assim, um individuo estranho k usa a estupidez ara chamar á atenção...daí a frase em k afirmo, k nem sempre temos akilo k keremos...

Fico contente com a sua crítica construtiva, mas achei conveniente conduzir assim o final do texto.

gostaria de saber mais sobre sí e se tem algum blog, pois pareceu-me ser conhecedor.

Muito obrigado e espero k leia este comentário e responda.

Mãe Happy disse...

Pois... eu prefiro das histórias mais directas, com menos floreados e preparações e avisos ao leitor. Principalmente porque o tempo é curto para estas coisas dos blogs!

E em relação ao velho, o que não faltam para aí são malucos! ;)

coisas minhas disse...

aparte de actualizares tds os dias +e mentira :p

Anônimo disse...

Bruta.

Personagens de Metro é sempre uma comedia.
:D